Teatro Espiritual

Muitas vezes sentimos algumas mudanças espontâneas durante nosso crescimento espiritual. Acordamos no dia seguinte e estamos diferentes. Estamos vendo o mundo de forma diferente, sentindo as coisas de outra maneira. Estas mudanças acontecem, por exemplo, após uma terapia de Renascimento, uma reunião presencial de UCEM ou uma sessão Reiki; são Milagres em nossa vida.

Mas às vezes temos de escolher uma mudança que queremos em nosso Caminho, uma escolha racional, intelectual. Lembro que optar pela abundância, pela não-falta, pela não-privação foi algo estranho em minha vida. O padrão que existia era o da escassez. Até então minha vida era a de chegar ao fim do mês com a conta bancária negativa, tinha um carro simples, casa alugada e o medo constante de que o dinheiro não seria suficiente no próximo mês. Neste cenário, era totalmente irracional aceitar dentro de mim que a abundância é um direito de todos Filhos de Deus (inclusive eu), e que havia a necessidade de escolher isto; era necessária uma decisão. Nesta época já estava fazendo minha Expiação e sentia os resultados de perdoar e ser perdoado.

Decidi pela abundância. Neste momento passei a ser um ator no teatro da minha vida. A simples decisão pela abundância não significou uma mudança imediata no cenário que vivia no momento, mas eu precisava acreditar - pensar, falar e agir como tal. Precisava ser um bom ator, caracterizando um personagem que se tornaria real no futuro. As pessoas em torno de mim estranhavam meu novo comportamento; notei que pouco poderia falar sobre minhas decisões internas, pois elas não eram, ainda, verdadeiras dentro de mim. Não havia a convicção necessária naquele momento, e isto transparecia aos outros. Uma mudança que aconteceu neste período foi a de que não reclamei mais de nada. Num determinado momento percebi a avalanche de reclamações diárias das pessoas em torno de mim. Reclamações relativas ao tempo, se chove, se faz frio, se faz calor; relativas ao chefe, ao prefeito, ao marido, à mulher, ao presidente dos EUA, à cotação do dólar, enfim, percebi que se reclama de tudo e de todos, pois sempre falta algo. Percebi também que o ego usa as reclamações de seu hospedeiro com sabedoria. Ele introduz os pensamentos de medo, conflito e discórdia pontualmente nos objetos da reclamação. Se eu reclamo do trânsito, o ego vai aproveitar isto e enviar pensamentos no momento do engarrafamento para despertar a raiva interna. Coitado de quem estiver junto no carro... Aquilo que reclamo é usado como arma contra mim mesmo.

O tempo passou e o que era uma decisão racional, mental, tornou-se uma verdade dentro de mim. Os efeitos no plano material foram sensíveis. Não precisei mais ser um ator representando um papel no teatro; o homem incorporou o personagem e tornou-se íntegro.


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