O Amor Genérico
Ouvi nas ruas...Uma pessoa descobriu que o Caminho era a Expiação e que o processo de perdoar e agradecer as pessoas de nosso passado nos dava a verdadeira liberdade. Começou a fazer; conversou pessoalmente com seu pai, sua mãe, seus irmãos e irmãs. Depois de algum tempo percebeu que não havia tido muitas mudanças na sua vida; tudo parecia como antes. As angústias e apegos com a família continuavam as mesmas. Sua mãe continuava dando palpites na sua vida amorosa, o pai continuava insatisfeito com sua carreira profissional, os irmãos continuavam caçoando dele. Num grupo de estudos de UCEM perguntaram a ele:
- Mas com foi esta conversa com eles?
- Foi normal...Perdoei-os por tudo que eles me fizeram. E pedi perdão por tudo que fiz a eles! – respondeu.
- E o que é “tudo”? – alguém perguntou.
- Como assim? Tudo é tudo! Todas as vezes que me magoaram e que eu os magoei! Todas as mágoas em geral! Foi um perdão amplo e geral.
- E por que você acha que não está funcionando?
- Bem...Não sei...Tudo está como antes. Sinto que os medos dentro de mim continuam e dentro deles também.
Somos muito específicos quando magoamos alguém; olhamos nos olhos da pessoa e proferimos palavras de medo e raiva. Achamos que podemos atacar, escolhemos o alvo e atiramos. Também somos muito seletivos na hora de guardar as mágoas dentro de nós; lembramos exatamente quando, como e onde aconteceram.
Mas na hora de perdoar somos genéricos, subjetivos e superficiais. Preferimos um “-Perdôo tudo que você me fez!” do que falar francamente sobre algo que ocorreu em nosso passado. Fazemos isto porque realmente é chato mexer nestas coisas do passado; ninguém gosta. Mas também ninguém gosta de sair de casa às 7 da manhã todo dia para trabalhar; mas precisamos ter dinheiro para viver. E precisamos de Paz interior; precisamos eliminar o medo, viver sem medo.
O medo dentro de cada um de nós é a soma de todas as vezes que magoamos e fomos magoados. Construímos este castelo de horror tijolo a tijolo, e temos de demoli-lo da mesma forma. Graças ao bom Pai, quando tiramos um tijolo do alicerce, toda a parede vem abaixo; não precisamos reviver inversamente todas as nossas agruras.
Mas precisamos localizar especificamente aquele tijolo. E precisamos retira-lo do castelo.
Milagres a Todos.
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