A Pombinha na Janela

Trabalhava no sexto andar de um prédio, geralmente com a janela aberta.
Freqüentemente recebia a visita de uma pombinha que deveria habitar as redondezas.
Um dia entrou na sala, e se dispôs a fazer um ninho numa prateleira de livros.
Expliquei a ela que ali não seria possível, porque a maior parte do tempo a janela estaria fechada, e a convenci a buscar outro lugar.
Mas resolvi convidar a visitante para um lanche quando de suas visitas.
Assim, comprei um kilo de milho, e dava uma pequena porção quando aparecia voando, e graciosamente pousava arrulhando na janela.
Logo nos tornamos muito amigos, e já pousava em minha mão.
E foram as visitas ficando mais freqüentes, e o quilo do milho foi sendo consumido mais rapidamente.
E aí, começaram a crescer mais pombos, chegando a formar verdadeiro festival de pombos.
No inicio era muito bonito, mas foi se tornando inconveniente.
Até o momento em que estava o dia inteiro alimento pombos na janela.
Até o momento em que se tornaram agressivos quando de pronto não lhes servia o milho.
Chegaram mesmo a tentar assaltar o depósito do milho, entrando na sala, já desreipeitosamente e com agressividade.
Aí então, cancelei o milho.
Fechei a janela.
Os pombos bicavam insistentemente na janela.
Cortava o coração, e a culpa se estabelecia.
Então comecei a oferecer milagres
Aos poucos os pombos desapareceram, e a culpa também.
Milagres desfazem o equivocado sentimento de solidão em nós, e nos mendigos.
Milagres desfazem o equivocado sentimento de escassez, em nós e nos mendigos.
Milagres desfazem mendigos.
"Milagres desfazem"
"Milagres desfazem"
"Milagres desfazem"
Por esta razão não devemos fazer.
Porque só os milagres são reais instrumentos que vão nos auxiliar a desfazer os erros, indicando o caminho da expiação.

Como podemos observar na vida irreal, ninguém quer aceitar simplesmente desculpas.
Porque?
Porque o perdão completo, exige a correção.
Que quando completo é a expiação.

Bem sãos
Jorge

 

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